Mundo Conectado
Sem perceber, a gente perdeu a capacidade de simplesmente… estar.
Mais uma vez, a edição de hoje tá bem dividida em 4 partes.
A História
De manhã, acordamos e mexemos na tela pequena. De tarde, no trabalho ou nos estudos, passamos o dia na tela média. E à noite, voltamos pra casa e ligamos a tela grande, enquanto ainda mexemos na tela pequena.
Pensei muito sobre isso essa semana: é impressionante como nos tornamos reféns da tela preta. Ficar parado numa fila sem puxar o celular parece impensável. Ir ao banheiro sem ele? Inimaginável. Almoçar sem rolar o feed? Desconfortável. A simples espera por alguém já pede um vídeo rápido, um tiktokzin, uns 20 stories. Tá no metrô? Não tem ninguém sem fone ou sem mexer no celular. Conclusão que eu tiro é que o silêncio se tornou insuportável.
E, como todo vício, isso tem um preço. E o que eu quero falar hoje é: você nunca tem tempo para pensar sem distrações. Nunca está, de fato, sozinho com seus pensamentos. E por isso, as suas decisões raramente são de fato uma representação do que você realmente quer.
A Sua Vida
Foi só quando me vi sufocado pelo barulho ao meu redor que percebi o tamanho do problema.
Eu precisava tomar uma decisão importante, mas tudo parecia distração. O fone tocando de um lado, metrô lotado, notificações pingando, a suposta "hora de foco" virando só mais uma playlist (sabe quando você quer escolher a playlist do trabalho?). Até os momentos de espera – na fila do shopping, antes de um encontro com alguém – se transformavam em ruído.
Sem perceber, despejamos nossas frustrações e ansiedades na tela preta. No scrolling automático. No feed sem fim. O tempo 100% nosso deixou de existir.
Mas a resposta não está num vídeo de 15 segundos. Nem 30. Nem num algoritmo que nunca se esgota.
Aí comecei a pensar…
Talvez seja hora de desligar tudo. Ficar um tempo sozinho, sem distração. E ver o que sobra. Porque, no fundo, por mais poético que pareça, é exatamente disso que fugimos: do que sobra quando é só a gente e mais nada.
Dark Room
O ex-militar David Goggins chama isso de dark room.
Um lugar mental onde você entra sozinho, sem celular, sem música, sem ninguém. Só você, com seus próprios pensamentos. Só que não é bem um lugar… é só você simplesmente existir. Tipo, só isso mesmo.
E é aí que a maioria trava.
Porque no silêncio não dá pra fugir das inseguranças.
Não dá pra ignorar aquela dúvida que você empurra pra depois.
Não dá pra mascarar a falta de direção com mais uma rolagem no feed.
Ficar sozinho de verdade é desconfortável, mas também é onde as respostas aparecem. É lá que você se pergunta: "O que eu quero, de verdade?" E sem distrações para responder por você, a resposta tem que vir de dentro.
Mas isso exige coragem.
Coragem pra sentar no escuro sem querer fugir.
Coragem pra encarar as partes que você não gosta em si mesmo.
Coragem pra decidir quem você quer ser depois que sair de lá.
E a verdade é que a maioria nunca entra nesse lugar.
Prefere se manter ocupado, sempre distraído, sempre olhando pra alguma tela. É mais confortável, realmente é. Por isso todos fazemos.
A reflexão do dia é: será que não precisamos de mais tempo sozinhos? Mato a pergunta aqui mesmo e digo que sim. Sim, precisamos. Sim, provavelmente você precisa.
Temos que tentar se afogar um tempo dando espaço para a nossa própria sombra e nossos próprios pensamentos ocuparem o espaço mental que geralmente é quase todo do outro.
Tente,
a. ir no banheiro sem celular,
b. ir na padaria sem celular,
c. deitar no sofá no fim do dia sem ligar a TV,
d. acordar e não mexer no celular por 10 minutos.
O resultado pode ser melhor do que você imagina.
Moral da História
Chover no molhado, não?
Fique mais tempo sozinho, sem distrações e sem telas. Veja o que sobra — com certeza será uma versão mais autêntica de você mesmo.
Good week,
Mais uma reflexão maravilhosa e necessária!!!
NECESSÁRIO FALAR SOBRE ISSO: TENTAR FICAR SOZINHO C VOCÊ MESMA(O).