Retrato
Para o segredo de ninguém, o The Morning Pill se configura como uma espécie de diário para nós, escritores. Inquestionavelmente, a prática da escrita não apenas concorre para a compreensão de nossas emoções, mas também viabiliza uma exploração mais profunda de suas motivações, dimensões e sutilezas. A de hoje é um bom exemplo.
Falemos de saudade.
Saudade. Saudade é a expressão da finitude humana e da consciência da transitoriedade da vida. Ela representa a sensação de falta, não apenas de uma presença física, mas também da vivência de momentos passados. Em outras palavras, fazendo um paralelo com um vocabulário mais claro, a saudades é a sensação de segurar um colar (ou qualquer objeto de valor emocional na mão), sentir tudo aquilo que ele trás de valor e, em um breve instante, o colar se perde.
É como se, no exato momento em que se empreende esforços para compreender a razão pela qual o colar se foi, já se experimentasse a ausência dele. Surge, então, um amalgama de emoções que, apesar de paradoxal, revela-se simultaneamente intraduzível e passível de explicação.
E isso é a saudade — explicável e não explicável ao mesmo tempo. Saudade não é como tristeza, ou como substantivos concretos, cadeira, lápis, celular; a saudade é diferente sempre, não se pode generalizar. Assim como um homem nunca entra no mesmo rio duas vezes, porque nem o homem nem as águas são iguais, ninguém sente a mesma saudade duas vezes.
A saudade dói? Deveras, deveria ser assim. Ao perder o colar, experimentamos a ausência, uma sensação que incomoda e, por vezes, fere. Mas, quando alguém tem a generosidade de encontrar esse tão valioso objeto, uma genuína alegria se instaura. Na trajetória da vida, por vezes, o acaso é quem quebra as correntes da saudade, enquanto em outras, o destino, imprevisível ou meticulosamente traçado, desempenha seu papel.
Fato é: sortudos são aqueles que ocasionalmente se deparam com a saudade, pois como um refinado amplificador de emoções, ela nos conduz a sentir de forma mais autêntica, amplifica a gratidão e traduz os sentimentos mais sinceros.
Boa semana, queridos. A última do ano.
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The Morning Pill
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